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domingo, 6 de março de 2011

Portugal – Alcobaça (Parte 2) – O Mosteiro

 

Em 1153, dez anos após o reconhecimento de Portugal como reino independente, D. Afonso Henriques doou 44.000 hectares de território de fronteira a Bernardo de Claraval – abade fundador da terceira casa da Ordem de Cister, em França. A construção da abadia cisterciense, a terceira a ser fundada em Portugal, iniciou-se em 1178, ficando o mosteiro implantado num vale muito fértil, na confluência dos rios Alcoa e Baça. Começou a ser habitado pelos monges em 1223.

 

Mosteiro de Alcobaça 2 

Mosteiro ou Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça – Preserva-se o portal gótico, ladeado pelas estátuas de S. Bento e de S. Bernardo, a que se sobrepõem as Virtudes Cardeais (Fortaleza, Prudência, Justiça e Temperança); no nicho axial do coroamento, a imagem de Nossa Senhora da Assunção. O aspecto monumental e classicizante da frontaria resulta da renovação barroca concluída em 1725.

 

Mosteiro de Alcobaça 5

É uma reprodução da Abadia de Claraval, casa-mãe da Ordem de Cister, em França.

 

Mosteiro de Alcobaça

O mosteiro é um ambicioso conjunto arquitetônico de 220 m de comprimento que se divide em 3 corpos: a Igreja (a maior de Portugal), e as alas Norte e Sul.

 

Mosteiro de Alcobaça - Nave central 1

Igreja – Grande Nave Central e abside com deambulatório, obra austera, reflexo claro do pensamento bernardino. Verticalidade, sóbria construção, sólida, para a eternidade…  Na abóbada, para além dos grossos torais, aparecem as primeiras nervuras cruzadas da arquitetura portuguesa. Os capiteis das colunelas e colunas são de parca decoração, do tipo colchete.

 

 Mosteiro de Alcobaça - Nave central 3

A Igreja foi levantada em três estapas, entre 1178 e 1233-52. Tem a particularidade de apresentar as abóbadas das naves quase à mesma altura, mais de 20 metros acima do pavimento.

 

Mosteiro de Alcobaça - Nave lateral 2

Nave Lateral – Colateral sul – vista do deambulatório. À solene beleza e amplidão da nave central, opõe-se a verticalidade das naves laterais, que têm a mesma altura, mas são tão estreitas que a largura pouco ultrapassa a dos pilares, as ogivas têm perfil triangular.

 

Mosteiro de Alcobaça - Igreja - altar

Capela-Mor – tão alta como as naves laterais, é delimitada por oito colunas, dispostas em semicírculo sobre um murete de 1,25m de largura.É envolvida por deambulatório de capelas radiais. O reforço por arcobotantes possibilitou a abertura de dois andares de clerestório, que inundam de luz o local da celebração eucarística.

 

Mosteiro de Alcobaça - Capela de S. Bernardo

Capela de S. Bernardo – Da invocação de S. Bernardo a partir de finais do século XVII, quando os barristas de Alcobaça realizaram uma das suas mais importantes obras, o retábulo da Morte de S. Bernardo, concluído entre 1702 e 1705. Apesar de degradado por infiltrações e da técnica tradicional de cozedura utilizada, preserva algumas peças dignas de registo, como os anjos músicos que acompanham a deposição do corpo do santo, sob a proteção de Nossa Senhora.

 

Mosteiro de Alcobaça - Túmulo de D. Pedro I - ao fundo Porta dos Mortos 2

Transepto – Pormenor do transepto, com os túmulos de D. Inês e D. Pedro, frente a frente. O transepto compõe-se de 2 naves. Ao fundo, a “Porta dos Mortos”, utilizada na Idade Média para o funeral dos irmãos mortos, porque a Ordem não permitia o enterro na igreja.

 

Mosteiro de Alcobaça - Túmulo de D. Pedro I

Túmulo de D. Pedro – D. Pedro I, cujo reinado teve início em 1360, morreu em 18 de Janeiro de 1367. Protagonista de uma história de amor proibido, reabilitou a memória da sua amada fazendo-a sepultar no Mosteiro de Alcobaça.

 

Mosteiro de Alcobaça - Túmulo de D. Pedro I - 1

Túmulo de D. Pedro – A arca tumular narra a vida de São Bartolomeu, seu santo protetor. Uma representação da Roda da Vida simboliza a sua própria história e o seu amor por Inês de Castro.

 

Mosteiro de Alcobaça - Túmulo de D. Inês de Castro

Túmulo de D. Inês de Castro – Inês de Castro, a nobre galega por quem o infante D. Pedro se apaixonou, foi executada em 1355, em Coimbra, por ordem do rei D. Afonso IV. O túmulo tem representadas cenas da vida e morte de Cristo, em analogia com a que foi a sua vida. O Juízo Final sela a narrativa, com a salvação dos inocentes e a condenação dos culpados.

 

Mosteiro de Alcobaça - Casa dos Túmulos - Panteão

Casa dos Túmulos/Panteão (Em exposição quadros da pintora Isabel A. G. Sales Henriques) – Edifício neo-gótico idealizado por Guilherme Elsden para guardar os túmulos medievais das rainhas e infantes que repousavam no transepto, foi construído ca. de 1770, tendo os túmulos sido trasladados entre 1782 e 1786. Ali se conservam três arcas de infantes bem como o túmulo de D. Urraca, erradamente atribuído a D. Beatriz.

 

Mosteiro de Alcobaça - tumulo da rainha D.Beatriz

Túmulo da Rainha D. Beatriz (séc. XIV)  - cabeceira retrata a família real a chorar o falecimento da rainha, com D. Afonso II em primeiro plano. A frente, a esquerda, quadro Anjos do Silêncio e a direita Cristo em Majestade.

 

Mosteiro de Alcobaça - Sala dos Reis 1

Sala dos Reis – Antiga capela salão construída no século XVIII, denomina-se Sala dos Reis por aí se exporem esculturas em terracota policromada representando os reis de Portugal, de D. Afonso Henriques a D. José. A obra atribuível aos monges-barristas do mosteiro. O conjunto é completado com uma alegoria à coroação de D. Afonso Henriques pelo Papa Alexandre III e por São Bernardo.

 

Mosteiro de Alcobaça- sala dos reis - azulejo

Sala dos Reis – As paredes são revestidas por painéis de azulejos setecentistas, nos quais se representou a fundação lendária do mosteiro, a partir da Crónica de Cister de Fr. Bernardo de Brito.

 

Mosteiro de Alcobaça - Claustro de D. Dinis ou do Silêncio 1

Claustro de D. Dinis ou do Silêncio – Esta era a área central do mosteiro, à volta da qual foram dispostas as suas principais dependências (a Igreja, a Sala do Capítulo, o Parlatório, a Sala dos Monges, o Refeitório, a Cozinha e, no piso superior, o Dormitório).

 

Mosteiro de Alcobaça - Claustro de D. Dinis ou do Silêncio - visto do piso superior

Claustro de D. Dinis ou do Silêncio – Era um espaço de circulação, por onde os monges se deslocavam em silêncio.

 

Mosteiro de Alcobaça - corredor do claustro 

Claustro de D. Dinis ou do Silêncio – As galerias do piso térreo ficaram concluídas em 1311, sendo a obra atribuída a Domingo Domingues e mestre Diogo.

 

Mosteiro de Alcobaça - Claustro de D. Dinis ou do Silêncio

Claustro de D. Dinis ou do Silêncio – A sua volumetria original foi alterada com a construção do piso superior (1505-1519), por ordem do abade D. Jorge de Melo, com a orientação de João de Castilho e a colaboração de Nicolau Pires.

 

Mosteiro de Alcobaça - galeria superior 

Claustro de D. Dinis ou do Silêncio – Galeria Superior.

 

Mosteiro de Alcobaça - Claustro dos Noviços ou do Cardeal

Claustro dos Noviços ou do Cardeal – Obra realizada entre o final do século XVI e o princípio do século XVII, para acolher o noviciado, a sua designação invoca o cardeal-infante D. Henrique, administrador monástico, após a criação da Congregação Autonoma Portuguesa de Cister (1567).

 

Mosteiro de Alcobaça - sala do capítulo 1

Sala do Capítulo – Principal dependência monástica, era aqui que se reuniam os monges para debater assuntos de interesse da comunidade. Foi iniciada no século XIII e alvo de obras entre 1308 e 1311.

 

Mosteiro de Alcobaça - Sala do Capítulo

Sala do Capítulo – Salienta-se a entrada em triplo arco de volta perfeita e o interior, de três naves de três tramos. À entrada, sepultura seiscentista de um abade. Ao lado, um pequeno espaço.

 

Mosteiro de Alcobaça - laje sepulcral dum abade de Cister 2

Sala do Capítulo – Conta a tradição, ser a laje sepulcral dum abade cuja vida não foi tão exemplar como devia. Como castigo, foi enterrado à entrada da Sala do Capítulo, para que os seus irmãos, numa suprema humilhação, pisassem a sua sepultura.

 

Mosteiro de Alcobaça - dormitório

Dormitório – Um dos mais antigos espaços monásticos, destaca-se pelo grande comprimento das suas três naves (de quase 67 metros), que dá bem a dimensão austera do ideário cisterciense medieval, sensação reforçada pelas atarracadas colunas, de onde arrancam as abóbadas.

 

Mosteiro de Alcobaça - sala dos Monges

Sala dos Monges – esta era uma dependência utilitária, onde se alojou o noviciado em finais do século XV até à sua transferência para o Claustro do Cardeal no final do século XVI. Também conhecida como adega, após a construção da cozinha nova na segunda metade do século XVIII. A sala dos Monges dispõe de acesso direto ao exterior e de um pavimento disposto em patamares que se subordinam à topografia envolvente, o que facilitava o desempenho das tarefas relacionadas com o exterior.

 

Mosteiro de Alcobaça - cozinha

Cozinha – construída no século XVIII, no lugar do antigo Calefatório.

 

Mosteiro de Alcobaça - cozinha 1

Cozinha – a cozinha nova foi dotada de um tanque de água corrente, integrado no sistema hidráulico do mosteiro, que recebe a água da Levadinha, um braço do rio Alcoa artificialmente construído para servir o edifício.

 

Mosteiro de Alcobaça - cozinha 3

Cozinha – A imponente chaminé assenta sobre oito colunas de ferro fundido, uma inovação construtiva para a época.

 

Mosteiro de Alcobaça - lavabo

Refeitório – o lavabo do claustro marca a entrada no refeitório e servia para as abluções – lavagens rituais.

 

Mosteiro de Alcobaça - lavabo 2

O lavabo – era alimentado por uma derivação do Alcoa. Exteriormente, o pavilhão do lavabo de Alcobaça apresenta duas fiadas de janelas, recuadas em relação aos planos dos arcos. Tem planta pentagonal e os ângulos são reforçados por contrafortes.

 

Mosteiro de Alcobaça - refeitório 1

Refeitório – o interior é de três naves, de idêntica largura entre si e abobadadas à mesma altura, o que confere harmonia e unidade espacial ao conjunto. O púlpito do leitor, servido por corredor aberto em arcadas peraltadas, é uma das imagens de marca do mosteiro.

 

Mosteiro de Alcobaça 4 

Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tudo muito bom. Parabéns.
joao de miranda m.